segunda-feira, 4 de julho de 2011

ser ator


Fugiu o sono...

Os pensamentos se misturaram e viraram um filme.

De repente se concretizam alguns sentimentos e me perco olhando o reflexo no retrovisor.

Ser vencedor é a arte de superar e não desistir. Mas ser ator, ser artista, é a mais clara materialização dessa arte: ouvir "nãosssss".

Às vezes cansa... E nem podemos assumir.

Por muito menos nos fariam desistir.

Eu tenho medo e me sinto sozinha nos meus ideais. Incompreendida. Desvalorizada. Mas não é prudente assumir nem para mim mesma.

Tenho disciplina e organização para dar conta do sonho e da vida real.

A inflação voltou a subir sabia?

Nunca vou para cama tarde, não como muito, não fumo, leio bastante, vou ao teatro, me dedico a tudo com seriedade e uma pitada de loucura.

Loucura mesmo, é não acreditar.

Eu não escolhi agir, atuar. O palco me escolheu.

Sou tantas que só caibo em mim se souber que posso trocar as vestes e a maquiagem.

Carrego sementes murchas para um plantio certo. Mas e a colheita?

A única certeza é que tenho um caminho. E isso é tudo. O resto são dúvidas.

Só não posso duvidar de mim mesma.

Não me dou o direito.

Ser ator é isso. Acreditar!

Mesmo que o personagem não seja crível eu preciso defendê-lo. Mesmo se pagamos para estar nos palcos das escolas, mesmo se não cobramos para trabalhar no fim de semana, mesmo se a platéia não vem, mesmo quando se faz 3 testes por dia e o resultado não passa de 1 trabalho por mês, mesmo quando o salto quebra na hora errada, mesmo quando te julgam mal, quando você é o contra-regra, o figurinista, o produtor... Carregar e montar cenários cansa...

Mas cansa muito mais a aridez e a morbidez do sonho adormecido.

É preciso repousar o corpo e a alma.

E renovar as esperanças dia após dia.

E mesmo quando me falta a coragem eu repito: "brilho nos olhos!"...

Se pensarmos muito não damos um passo.

Então eu sigo. E sigo. E sigo. Incansável.

Eu não tenho plano B.

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