domingo, 23 de maio de 2010

flor de inverno


"flores de inverno... ramos mirrados... botões sedentos... entre lágrimas... buscando o amor-perfeito... perfumes e cores opacas... vertendo solidão... pelos poros... orquídea frágil e singela... pétala a pétala desfaceladas... murcha... cristalina... inundada de saudade... orvalho e suor... qual soro... antídoto pra desespero e dor... em outros jardins o socorro... em vão... sorriso Pierrot... meia face... meia luz... briga o cravo... chora a rosa... gira a saia de estampas delicadas... espalha revolta... envolta em pranto... banho de sol em sombra fria... vento de lírios mansos... carregado... mistério... buquet lavanda... de música improvisada... turvo como lago calmo e belo... de águas límpidas e profundas... tanto quanto o infinito... paradoxalmente convida e assusta... mergulho denso demais... vermelho demais... águas gélidas e inóspitas... cercada por um jardim vermelho e sem espinhos... como poucos... raro qual tulipa entre pedras... qual última morada... cheiro de velas acesas... se afastas então... um ramalhete especial e único... abandonado... empoeirado... no chão... deixado... rasto em falso... exalando o perfume do adeus... da morte... da sorte lançada... segue marcado a ferro e brasa... sem olhar pra trás... anoitece de manhã... rola na face pálida... chuva salgada... nubla o peito, a alma... mas fortalece e prepara... pois só bem seca e amassada pode se eternizar uma flor..."




sexta-feira, 14 de maio de 2010

minha pele

meu entendimento,

zomba na sombra do silêncio,

que escuto no peito,

a cada passo seu a distanciar...

meu lamento,

sopra cálido o retrato,

empoeirado ao lado,

que não ouso queimar...

minha pele,

tesouro mais profundo,

que possuo ardente,

orgão mais presente

que não te despeja da mente

e não quer seguir em frente...

é a flor da pele que te guardo eternamente...